Psicoterapia Infantil

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“Os pés irrequietos das crianças procuram terrenos estranhos para pisar. Quanto mais esburacados, pedregosos, enlameados, mais brincadeiras rendem. Desafiando o equilíbrio da verticalidade que lhes ensinaram, acabam encontrando outros centros de amparo. Parecem ouvir a voz do chão a lhes dizer: cai que eu te cuido.“
O chão delas é o da ilimitada curiosidade, da bisbilhotice, da expedição exploratória.
“Nunca está firmemente assentado num lugar. Não é chão para se medir em passadas nem para se calcular a velocidade de um deslocamento. É um chão de farras de ambulação, de perquirição. Chão de piruetas, de extravagâncias, onde se investigam e inventam formas de caminhar, modos de viver. ” (PRECISO, 2010, p.87)
Acredito que ao ler o trecho acima, você se recordou da sua infância, se não conseguiu visualizar seu filho, sobrinho, afilhado, uma criança se divertindo e aproveitando o máximo que infância tem a oferecer.
Em nosso cotidiano corrido, a agenda cheia, tanto da criança quanto dos pais/cuidador, o ideal de criança seria aquela que demonstra obediência, com iniciativa, desinibida, produtiva, que dá conta da escola, do judô, balé, natação, aula de inglês, dentre outras atividades, como confirma Mattar (2010) que seja (hiper) ativa – no sentido de conciliar diversas atividades em diferentes lugares, além da escola, a fim de se preparar desde já para o futuro. Ao passo em que a criança não consegue dar conta de todas suas tarefas e/ou seu comportamento não se encaixar nos padrões, os pais/cuidadores tomam a decisão de procurar pelos serviços profissionais de um psicoterapeuta, para realizar a psicoterapia infantil.
Elenquei na tabela abaixo, alguns dos motivos para os pais procurar auxílio psicológico:

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Alguns dos Benefícios da Psicoterapia Infantil
Promover uma expressão de si mesmo que ajude a estabelecer a auto identidade e proporcionar uma forma de expressar sentimentos (MATTAR, 2010).
Permite se desfazer de medos, angústias, sofrimento vindo de perdas, separações;
Auxilia no ressignificado do sofrimento psíquico, denunciado ou não em forma de sintomas;
Possibilita o autocontrole de comportamentos indesejados;
Favorece o descobrimento de novos caminhos, novas formas de realizar suas atividades;
Elucidando mais um benefício, Costa e Dias (2005), descreve que facilita o ajustamento ao relacionamento interpessoal de maneira mais saudável e realista.
Recursos utilizados na Psicoterapia Infantil
Na psicoterapia infantil são utilizados dois tipos de recursos: colaboração de pais, avós, familiares que convivem com a criança; estas são de extrema importância, assim como, informações advindas da escola, dos professores e coordenador pedagógico.
E os recursos técnicos – desenhos de família, testes, massa de modelar, pintura com os dedos, história de fantasia, jogos, brinquedos, fantoche de dedo, bonecos de família, dentre outros.
Papel do Psicoterapeuta Infantil
Para Dias e Costa (2005),
O psicoterapeuta infantil desempenha o papel de: facilitador do autoconhecimento, de auxiliar a criança a se perceber, a ver o mundo ao seu redor, como ele realmente é, escolhendo sua forma de viver no mundo;
Dar suporte a criança na produção de conhecimento, para solucionar seus próprios problemas;
Criar um espaço para vivenciar poder de escolha por meio da escuta, denominação de seus medos, anseios, respeitando a sua individualidade, numa genuína relação de aceitação, confiança e cumplicidade que se estabelece com a criança.
A importância da família no processo da Psicoterapia Infantil
Costa e Dias (2005) afirma que os familiares por conviverem com a criança, a conhecem muito melhor que qualquer psicoterapeuta, sendo eles a principal fonte de informação da história da criança, os que decidiram iniciar o processo psicoterapêutico e os responsáveis financeiros.
Simultaneamente à psicoterapia infantil, são realizadas sessões de orientação aos pais, pois permite participação e esclarecimentos sobre o processo.

movimentoecvc.blogspot.com.br/2012/03/separacao-e-divorcio-crianca-no-centro.html
A grande maioria dos familiares são participativos, pontuais, assíduos, muitas vezes até remarcam ou adiam compromissos para pode comparecer, sabem da importância do processo para o crescimento e valorizam o processo da criança.
Em contrapartida para Costa e Dias (2005), há famílias, que por diversos motivos, acabam por dificultar o processo de evolução da criança, atuando como colaboradora e mantenedora do sintoma que esta apresenta e, nesse caso, colocam em dúvida os resultados da psicoterapia infantil por não haver um trabalho em conjunto.
Considerações Finais
A psicoterapia infantil propõe auxiliar a criança e os pais e/ou cuidador, a lidar e promover a mudança de comportamento destoante do que é considerado normal para a idade e padrões da sociedade ao qual ela está inserida. Através de um espaço de respeito à sua singularidade, numa verdadeira aceitação, confiança e empatia, onde a criança poderá refletir sobre suas escolhas, suas dificuldades e seus sonhos, em que possa experimentar, se escutar, sentir, fantasiar entre outros. Utilizando técnicas fundamentadas na psicologia, a criança poderá estabelecer a auto identidade e expressar sentimentos, vivendo de forma plena e feliz a fase do seu desenvolvimento. Entretanto, isso só é possível com a colaboração dos pais e/ou cuidadores, peças fundamentais no desenvolvimento infantil e na formação da personalidade da criança e na forma como ela se percebe no mundo.
Até Breve!
Isis Honorato
Psicóloga CRP 06/92763
Especialista em Neuropsicologia
Idealizadora e Criadora Desenvolvedora da InovaMente Psicologia
Experiência em atendimento a crianças e adolescentes. Com dificuldades de desenvolvimento emocional e social, de aprendizado e problemas intra-interpessoais.
Referências
COSTA, M. I. M. e Dias, C. M. S. B. A prática da psicoterapia infantil na visão de terapeutas nas seguintes abordagens: psicodrama, Gestalt terapia e centrada na pessoa. Estudo de Psicologia, Campinas, vol. 22, n.1, p. 43-51, janeiro/março 2005.
MATTAR, C. M. Contextos Clínicos. Três perspectivas em psicoterapia infantil: existencial, não diretiva e Gestalt-terapia. Universidade Federal de Sergipe, vol. 3, n.2, p. 76-87, julho/dezembro 2010.
PRECIOSA, R. Rumores discretos da subjetividade: Sujeitos e escritura em processo. Sulina: Editora da UFRGS, Porto Alegre, 2010.

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