Ansiedade na terceira idade. Pode isso?

Neste primeiro semestre do ano, a procura para atendimento e principalmente para avaliação e reabilitação cognitiva de pessoas acima dos 60 anos foi significativa, por isso, hoje quero falar para você idoso ativo, familiar e cuidador, sobre a ansiedade nesta população.

Estima-se que até em 2042 a população idosa (acima de 60 anos) deve dobrar no Brasil. Os dados são de projeção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. E de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS chegará a 2 bilhões de pessoas até 2050;  isso representará um quinto da população mundial. Estudos revelam uma prevalência entre 3% a 14% da ansiedade nos idosos, ou seja, daqui a alguns anos esses números tende aumentar significativamente.

Imagine a seguinte situação: Maria do Carmo, dona de casa, 74 anos, casada, mãe de dois filhos e avó de uma menina, estudou pouco, 5 anos apenas, pois tinha que trabalhar para ajudar seus pais. Seu esposo comenta que ela tem estado muito irritada, tem crise de choro a noite e reclama sobre sua saúde. Tem realizado acompanhamento constante no posto de saúde para aferir sua pressão arterial, que tem estado entre 15X9 à 17X9.

Para Maria o aumento da pressão é por causa da preocupação com seu filho caçula que está se divorciando, voltou a morar com ela, desempregado e ex alcoólatra. Relata o medo que ele volte a consumir bebida alcoólica devido a essa situação. Isso tem tirado o seu sono, acordando durante a noite, com dificuldade a voltar a dormir, principalmente quando seu filho não está em casa a noite. Neste momento seu coração dispara, sente um aperto no peito, falta de ar. Durante o dia só de pensar nisso sente as mesmas sensações, tenta se concentra nos seus afazeres domésticos sem sucesso, esquece o arroz no fogo, de colocar sal na comida, onde tinha feito suas anotações.

A história acima é fictícia, mas as sensações e os sintomas vivenciados pela Maria são reais.

A ansiedade é uma das emoções mais presente na história da humanidade, “apresenta com um conjunto de características, como uma percepção desagradável de apreensão e com sinais” físicos independente da nossa vontade, cito taquicardia, suor nas mãos, falta de ar, dentre outros. (Mol e Martins, pg 308)

Respondendo ao questionamento do título, sim, os idosos podem apresentar transtorno de ansiedade e até depressivos, devido a preocupação com sua saúde e dos familiares, limitações para se locomover, medo de queda, perdas visuais e auditivas, alterações cognitivas, problemas financeiros e aposentadoria. E as consequências da ansiedade nos idosos podem ser nocivas, “piora da cognição, alteração da funcionalidade global, aumenta da mortalidade por causas vasculares e maiores riscos de suicido”(Mol e Martins, pg 309).

Atenção aos fatores de risco para Ansiedade nesta população:

  • História de doença psiquiátrica;
  • Doenças clínicas;
  • Limitação funcional;
  • Perda visual e auditiva;
  • Baixa percepção espontânea de saúde;
  • Eventos estressantes;
  • Mulheres.

Até o nosso próximo encontro.

Referência bibliográfica: Livro – Psicogeriatria na prática clínica/ Antonio Lucio Teixeira, Breno Satler Dinis e Leandro F. Malloy-Diniz- Capítulo 8: Transtornos de ansiedade no idoso – Giovana Carvalho Mol e Éfrem Augusto Ribeiro Martins.

Site consultado: https://jornal.usp.br/atualidades/em-2030-brasil-tera-a-quinta-populacao-mais-idosa-do-mundo/ acessado em 03/06/2019.

Isis Honorato

Psicóloga e Neuropsicóloga - CRP 06/92763

Idealizadora do Inovamente Psicologia.

Goustou? Compartilhe

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on print
Print

Leia também...